Piauí tem 11 mil processos de violência contra a mulher parados, alertam entidades

Representantes de diversas entidades que lutam pelo fim da violência contra a mulher no estado do Piauí se reuném na manhã desta quinta-feira (25) em frente ao Tribunal de Justiça do Piauí.
créditos: cidadeverde.com

 

Representantes de diversas entidades que lutam pelo fim da violência contra a mulher no estado do Piauí se reuném na manhã desta quinta-feira (25) em frente ao Tribunal de Justiça do Piauí. O grupo critica a morosidade do judiciário nos casos de violência contra mulher e feminicídio. Segundo as entidades, 11 mil processos estão parados.

“Duas mulheres morreram vítimas de Feminicídio por mês no Piauí. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Segurança e só mostram o quanto estamos vulnerárias no estado”, informou Madalena Nunes, membro da Frente Popular de Mulheres contra o Feminicídio.

Durante o ato, as mulheres estão discursando em frente ao prédio do TJPI por mais celeridade nos processos judiciais que envolvem violência contra mulheres e para que possam conseguir uma reunião com membros do tribunal para encontrarem um denominador comum que ajude a solucionar esse problema.

Ao final do ato, um ofício será entregue no Tribunal de Justiça do Piauí e outro no Ministério Público para que as representantes das entidades possam ter uma reunião com os diretores dos órgãos a fim da problemática envolvendo as mulheres no Piauí.

PROCESSOS PARADOS

Durante a manifestação, as mulheres que participaram do ato denunciaram que mais de 11 mil processos estão parados na Justiça no Piauí. Alguns, segundo a ex-vereadora Rosário Bezerra, estão há 10 anos sem movimentação.

"Nesse ato estamos cobrar da Justiça a resolução dos processos de feminicídios. São mais de 11 mil processos parados. E isso contribui para a impunidade. Gostaria muito de morar em um estado onde o índice de feminicídio fosse zero ou o menor do país", destacou Rosário Bezerra.

Já Madalena Nunes destacou que esse número pode ser maior porque, segundo análise da integrante do Frente Popular de Mulheres Contra o Feminicídio, muitas vezes a mulher é morta na rua ou em um bar e entra na estatística de homicídio.

"Essa mulher sai da estatística de feminicídio. No Piauí, tivemos um caso muito concreto. Renata desapareceu e a linha de investigação foi de desaparecimento. Depois, com muita luta, a gente conseguiu descobrir que ela foi vítima de feminicídio", pontuou Madalena Nunes.

MAIORES VÍTIMAS DE FEMINICÍDIOS NO PIAUÍ

A maior parte das mulheres vítimas de feminicídio no Brasil são negras. No Piauí, a realidade é a mesma, segundo informou a ex-vereadora Rosário Bezerra.

“Infelizmente, o que tem se constatado é que a maioria das vítimas são mulheres negras. Elas são grande parte da população, mas que, às vezes, pela dependência econômica, pelos filhos, se submetem a situações de violência. A maioria das mulheres mortas são mulheres negras”, lamentou Rosário Bezerra.

Sônia Terra, militante pela mulher negra, participou da manifestação e ressaltou que a intenção das entidades com o ato é chamar a atenção da sociedade e do poder público para a importância de debater a temática no Piauí.

"Nossas vidas importam. É preciso julgar os processos, é preciso condenar os criminosos, é preciso dar dignidade pelo menos às famílias das vítimas que estão vivas e que se sentem revoltadas, se sentem desprezadas pelo Estado. O nosso grito ecoando para toda sociedade é: parem de nos matar. Quem mata uma mulher, mata a humanidade”, completou Sônia Terra.

O QUE DIZ O TJ-PI

O Cidadeverde.com entrou em contato com o Tribunal de Justiça do Piauí, por meio de sua assessoria, para checar as informações repassadas pelas entidades, mas até o momento não obteve uma resposta. O espaço fica aberto para que o Tribunal possa esclarecer os fatos.

 


 


COLUNISTA
Eudes Martins
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